terça-feira, 12 de março de 2013

Psicopedagogia- Um olhar diferenciado sobre a mudança e o enfrentamento de nossas dificuldades


Dia desses li o seguinte texto:
“Joãozinho foi para casa com um recado da professora dizendo: Senhora mãe, o seu filho hoje não fez a lição de matemática, não quis participar da aula, foi malcriado e bateu no coleguinha no recreio. Favor tomar providências.  No dia seguinte, Joãozinho entrega a resposta de sua mãe para a professora: Senhora professora, o seu aluno não fez a tarefa de casa, bateu na irmãzinha e foi malcriado com o pai. Favor tomar providência”.
            Vi, num daqueles panfletos distribuídos em congresso de Educação. Recentemente estive num desses e Salvador, e me peguei constantemente a pensar sobre o assunto. Acredito que quando Maria Cristina Bomberg, pedagoga e mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, citou esse pequeno texto, usou essa anedota para chamar a atenção de pais e educadores sobre a transferência de responsabilidades em que vem se tornando o processo educativo, incluindo o comportamento dessas mesmas crianças nos dias de hoje.
            Todos nós com certeza, já ouvimos falar em crianças hiperativas, que não param quietas, correm de um lado para outro, se distraem muito facilmente.
Costumamos dizer até que essa criança está ligada no “220”(woltz). E  comumente essas mesmas crianças apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizagem e de relacionamento, e sendo taxadas, rotuladas por diversos apelidos: pestinhas, traquinas, preguiçosas, etc...
E desse mesmo modo, sabemos de adultos que na sua infância, passaram por todas essas etapas, e não diagnosticadas,  hoje possuem dificuldades em organização, em lembrar-se de compromissos, trocam de empregos e parceiros de relacionamento num curto período de tempo, não conseguem terminar um projeto que começou.
 Se você se encaixou em alguns dos quadros citados acima, e claro, dependendo da freqüência e intensidade, pode ser que você leitor, seja um portador de TDAH, (Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, classificado pela Associação de Psiquiatria Americana).
            Ana Beatriz Barbosa Silva, relata em um de seus livros, uma situação vivida por Diana, uma estudante de fonoaudiologia, que versa suas dificuldades de se manter concentrada quando em aula ou em situações acadêmicas:
            Sabe, eu sempre me perguntei porque divagava tanto quando eu estava assistindo às aulas, ou sob supervisão.Algo em que eu precisaria e também deveria prestar atenção.Eu imaginava porque cargas d’água isso tinha que acontecer comigo, já que sempre fui perfeccionista.Eu me recriminava; achava que só poderia ser alguma falha de caráter e que,no fundo eu deveria ser uma desinteressada de tudo.Afinal, eu olhava para a face da minha supervisora nos orientando em pontos importantes e, embora no início, conseguisse acompanhar, depois de certo tempo, via o rosto dela se transformar numa tela de cinema, onde se passavam vários acontecimentos de minha vida, planejamentos, ou ainda, imaginava o que estava por vir (...) Quando eu voltava ao tempo e espaço presentes, já não fazia a menor idéia do que ela havia dito em sala (...).
             Essas pessoas podem, devem e precisam ser acompanhadas por profissionais especializados para que junto com o paciente possam encontrar caminhos e criar estratégias, para as mais diversas situações que o portador de TDAH possa encontrar. São eles: Psicólogos, psicopedagogos, neurologistas, fonoaudiólogos, entre outros...
            Mas você deve estar se perguntando...O que é mesmo Psicopedagogia? O que é mesmo TDAH.
            Vamos por partes.
            Bom, Psicopedagogia, é um campo do conhecimento que se propõe a integrar, de modo coerente, conhecimentos e princípios de diferentes Ciências Humanas  com a meta de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados processos inerentes ao aprender humano. Enquanto área de conhecimento multidisciplinar,  interessa a Psicopedagogia compreender como ocorre os processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas neste movimento. Para tal, faz uso da integração e síntese de vários campos do conhecimento, tais com a Psicologia, a Psicanálise, a  Filosofia, a  Psicologia Transpessoal, a Pedagogia, a Neurologia, entre outros.
            As formas, os instrumentos e os critérios de avaliação pode variar de um psicopedagogo para outro, mas a função do assessoramento psicopedagógico estará sempre ligada à tarefa da avaliação, a de responder à algumas perguntas que nos inquietam, e que nos movem.
- Por que “fulano” não aprende? ;
- Por que fica tão inquieto e não se concentra na aula?
- Por que tira notas tão baixas?
- Por que esquece onde guardou as chaves do carro?
- Por que não consegue cumprir prazos estabelecido e ou combinados?
            O TDA/H, mais conhecido como Déficit de atenção/hiperatividade,classificado pela Associação de Psiquiatria Americana (APA), se caracteriza por três sintomas básicos: desatenção, impulsividade e hiperatividade física e mental e costtuma se manifestar ainda na infância e em cerca de 70% dos casos o transtorno continua na vida adulta. Ele acontece em ambos os sexos, independentemente do grau de escolaridade, situação econômica ou nível cultural, e pode resultar em sérios prejuízos na qualidade da vida das pessoas que o têm, caso não sejam diagnosticadas e orientadas precocemente.
É procurar resposta à  uma gama de perguntas, que exigem mudanças. De comportamento, de paradigmas, de “enfrentamento” diário com os nossos medos, nossas incertezas, nossos percalços interiores, lástimas acumuladas.
E o mais importante que conhecer essas nomenclaturas, é ter a certeza de que os caminhos podem ser refeitos, e que o sucesso pode sim ser obtido.
            Tenho consciência, de que o leque de situações específicas de avaliação de necessidades especiais decorrentes de outras síndromes, transtornos (não só a TDAH acima supracitada), deficiências, ou vivências excepcionais, poderá ser descrito mais vezes nessa coluna. E você leitor, poderá, junto comigo, criar um panorama suficientemente amplo, com mudanças conceituais, proporcionando a reflexão dos profissionais que se aprofundam nos diferentes temas relacionados à psicopedagogia e o complexo ato de aprender desenvolvido pelo ser humano.
Desejo que você, possa repensar suas atitudes em relação aos seus “erros” e “acertos”, às suas dificuldades em aprender e “apreender” algo, e às reformulações daquelas possíveis limitações, que um dia, você imaginou possuir.
            Um beijo no seu coração.
            Força e fé.

Michelle Oliveira Araujo
           


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